quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Despedida

Olá pessoal! 

É com muita tristeza que venho contar que minha avó nos deixou no último domingo, dia 15 de Fevereiro. Sei que o blog estava abandonado já há um bom tempo, não postei mais sobre minha avó nem sobre as pesquisas a respeito do Alzheimer. Acho que a tristeza perante a situação dela acabou me desanimando. 

O que aconteceu foi que em Janeiro minha avó foi internada devido a uma infecção urinária e início de pneumonia, ficou cerca de 1 semana sob medicação e quando estava começando a melhorar iniciou uma hemorragia intestinal que os médicos não conseguiram descobrir a origem. Com isso seu quadro piorou, ela ficou alguns dias na UTI, a hemorragia parou mas seu quadro de saúde se debilitou de vez, os rins começaram a parar e ela ficou extremamente prostrada e fraca. Saiu da UTI e voltou para o quarto, onde pudemos ficar ao seu lado 24h, porém sua saúde foi piorando e a hemorragia voltou no dia 9 de fevereiro. Vim de BH para a cidade dos meus pais para ficar com a minha avó quando soube da piora na sua saúde, fiquei ao seu lado quase o tempo todo até o fim. Ela iniciou um quadro de falência múltipla de órgãos no dia 13, no dia 15 pela manhã o médico a examinou e disse que ela já estava com morte encefálica, e no dia 15 às 20h ela nos deixou.

Foi muito difícil, tanto os dias em que ela estava internada e sofrendo bastante quanto o dia em que partiu, seu velório, etc. Eu e minha mãe ficamos bastante abaladas, foi duro, mas estamos conformadas. Ela estava sofrendo muito e agora descansou.

Para encerrar o blog, quero deixar aqui uma homenagem à minha avó, que tanto me amou e quem tanto amei nessa vida...


"De tudo o que ficou, guardo um retrato teu e a saudade mais bonita."
- Legião Urbana

Pensei muito em tudo o que gostaria de escrever sobre minha avó Antônia. Sobre como ela foi uma das pessoas mais importantes da minha vida e como dizer 'adeus' foi (e ainda está sendo) muito difícil! Mas não sei se sou capaz de transformar em palavras tudo o que está aqui dentro do coração. Algumas coisas são impossíveis de serem descritas: a gente sente e fim. 

Eu não tive apenas a sorte de tê-la como avó: tive a sorte de tê-la como minha segunda mãe. Nem mesmo o esquecimento que tomou sua vida nos últimos anos foi capaz de apagar da sua memória o amor que tinha por mim, sua única neta, e por minha mãe, sua única filha. Mesmo perdida nas suas lembranças ela sempre esboçava um sorriso e demonstrava um resquício de alegria ao nos ver, ainda que não recordasse nosso grau de parentesco. 

Mulher forte essa nossa "Tonica"! Viveu sua vida sempre na luta, se dedicou de corpo e alma à sua família e à igreja que tanto amava! Sempre tinha uma palavra amiga e de apoio para quem necessitasse. Ela e meu avô eram o tipo de pessoa que não se importavam de compartilhar com ninguém o pouco que tinham. 

Ficam agora as lembranças: nossas tardes juntas na sua casa, falando sobre a vida e olhando as pessoas passando pela rua... o cheiro de café fresco e saboroso vindo da cozinha e a brisa trazendo o perfume das flores tão bem cuidadas no seu quintal! Sorte nossa que as lembranças são para sempre! Essas ninguém pode tirar de nós!

Serei eternamente grata ao universo por ter me concedido a oportunidade de estar ao seu lado nos seus últimos dias, de poder lhe agradecer pessoalmente e lhe dizer o quanto a amava, de lhe proporcionar um pouco mais de conforto nos seus últimos momentos ao nosso lado.
E como tudo na vida um dia chega ao fim, assim foi com o seu sofrimento... com o calvário que viveu nesses seus últimos dias de vida: acabou. 
Acabou, vó! A dor se vai para dar lugar à paz. A tristeza se vai e ficam as recordações de tudo que vivemos juntas!

Obrigada por tudo, vó! Obrigada!

Obrigada a todos que estiveram ao nosso lado nesse momento difícil e a todos que mesmo de longe mandaram mensagens! Obrigada a todos que fizeram com que os últimos anos de vida da minha avó fossem mais leves! Obrigada equipe da Medicenter por todo o cuidado e carinho que dedicaram à nossa Antônia! 

"Quando não tiver mais nada
Nem chão, nem escada
Escudo ou espada
O seu coração
Acordará!..."
- Nando Reis


terça-feira, 18 de março de 2014

Atualizações após quase 1 ano de Casa de Repouso

Depois de alguns meses sem postar, senti uma forte vontade de voltar aqui, nesse blog que criei em meio a tanta dor, para registrar os últimos acontecimentos com a minha avó.

Dia 31 desse mês ela completará 1 ano na Casa de Repouso.
É até difícil relembrar os acontecimentos e os sentimentos de 1 ano atrás... as dúvidas, a tristeza que parecia só aumentar, a descrença no futuro, a sensação de abandono, de fim... a dor...

Mas hoje, 1 ano depois de eu e meus pais termos tomado juntos a decisão de colocar minha avó na Casa de Repouso, só tenho a dizer que foi a melhor decisão que já tomamos em toda nossa vida! Infelizmente foi necessária, gostaríamos MUITO que as coisas tivessem sido diferentes, mas hoje enxergo com clareza que não nos restava outras opções, especialmente para minha mãe, que era a maior responsável pela minha avó e quem estava presente quase 24h por dia ao seu lado e, consequentemente, quem mais sofreu com isso tudo.

Atualmente minha avó encontra-se numa situação razoavelmente "estável" com relação ao Alzheimer. Digo "razoavelmente estável" porque existem momentos em que ela entra novamente em crises de agitação e de raiva, mas, felizmente, isso acontece muito pouco e na menor parte do tempo! Na maioria dos dias ela se mantém calma, até mesmo alegre, sorrindo, se divertindo com as atividades proporcionadas pelas profissionais da fisioterapia, fono e terapia ocupacional da Casa de Repouso e distraindo-se com as pessoas ao seu redor. Minha mãe, que em casa era o alvo de rancor e ataques, agora voltou a ser uma pessoa querida aos olhos de minha avó! Nem sempre ela se recorda que minha mãe é sua filha, mas sempre sabe que a ama! O mesmo acontece comigo sempre que viajo para visita-la: ela lembra que me conhece e sua memória perdida sabe que sou uma pessoa a qual ela sente carinho, porém, nem sempre ela sabe que sou sua neta, e não a forço a se lembrar disso, deixo sempre que ela pense que sou quem ela quer, tento fazer nossos momentos juntas serem leves, com conversas tranquilas, abraços, elogios e coisas do tipo. Ela sempre fica muito feliz quando me vê, então, tento viajar para visita-la sempre que posso!

Nos momentos de crise ela volta a ficar agitada e a pedir para "ir embora", sempre dizendo que precisa ir para a casa de seus pais! Não demonstra se recordar em nenhum momento da casa onde viveu com meu avô por 60 anos e, da mesma forma, não demonstra se recordar da existência do meu avô! Há algumas semanas ela estava repetindo incansavelmente que queria suas "crianças", e chegava a ficar desesperada, alegando que suas crianças estavam sozinhas em casa! Decidimos então levar uma boneca vestida de bebê na Casa de Repouso e deixa-la junto com a minha avó, em sua cama, e a enfermeira contou que funcionou, pois minha avó acabou se distraindo com a boneca num dos momentos de suas crises!

No mais sua saúde encontra-se estável: ela se alimenta bem, consegue comer sozinha na maioria das vezes, é capaz de andar pequenas distâncias com a ajuda das enfermeiras e é uma das poucas idosas da Casa de Repouso que conversa e interage com os funcionários e enfermeiros!

Não sabemos como será o futuro nem quanto tempo sua doença demorará para evoluir ainda mais, mas sabemos que fizemos a melhor escolha dentro das condições que estávamos e em nenhum momento nos arrependemos. Apesar do gasto com a mensalidade da Casa de Repouso, a qualidade de vida dos meus pais aumentou muito nos últimos meses, a saúde deles se restaurou e a paz voltou a reinar na minha família.

A todos que encontram-se nesse momento passando por dificuldades com seus parentes com Alzheimer, eu digo sem nenhuma sombra de dúvidas: se você possui condições de pagar por uma Casa de Repouso, então procure um local de confiança, pesquise com calma e, se você sente que suas forças estão se esgotando, não relute! A internação do paciente com Alzheimer é muito mais dolorosa para a família do que para o paciente, que já não se lembra de nada e nem sabe ao certo o que acontece ao seu redor! Não pense que internar um ente querido é falta de amor ou algo do estilo, mas sim que é uma decisão importante para preservar a saúde de todos - inclusive a dele! Antes eu não entendia como isso seria possível, mas hoje vejo como o humor da minha avó melhorou após sua mudança para a Casa de Repouso.

Um grande abraço para todos e muita força para quem está passando pela tormenta que é essa doença de Alzheimer!

Att,
Maíra

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Um desabafo sobre o Alzheimer e meu desejo para o futuro

Já faz algum tempo que cheguei à conclusão de que o câncer não é a pior doença que pode acometer uma pessoa. A pior doença é o Alzheimer. E sobre isso eu posso falar com bastante conhecimento de causa.
 
Imagino que não exista nada pior do que perder todas as lembranças de uma vida inteira, esquecer
todos os lugares que fizeram parte de seus dias, ter apagada de sua memória todas as pessoas que amou e que um dia foram muito importantes para você. A pessoa com Alzheimer vive presa num mundo solitário e confuso, sofrendo dia após dia por não se recordar dos familiares e amigos que ainda estão vivos e por não se recordar da morte dos que já se foram.
E é um sofrimento sem fim, pois essa doença pode surgir muito cedo e roubar anos da vida de uma pessoa, e ela será obrigada a conviver com isso, todos os dias, pelo resto de sua vida, pois não existe cura... e, antes de perder toda sua memória, saberá que isso invariavelmente acontecerá algum dia e que seu corpo sobreviverá às suas lembranças, talvez por anos a fio...
 
Beira o insuportável ver o sofrimento diário da minha avó, chorando de saudades do seu pai e da sua mãe, os quais ela não se recorda que morreram há décadas! Ela sofre pois não sabe para onde ir, não reconhece suas próprias coisas, não sabe onde mora, não sabe onde dormirá à noite e nem se recorda se comeu ou não naquele dia. Em um desses dias ela chorou procurando pela "sua menina" (talvez pensando em minha mãe quando ainda era um bebê), desesperada por não saber onde ela estava e se estava limpa e alimentada!
 
O diagnóstico do Alzheimer foi feito em 2005, quando ela estava com 75 anos. Desde então a doença
manteve-se controlada por quase 8 anos, mas há cerca de 1 ano uma gama de acontecimentos fez com que a doença evoluísse de uma forma monstruosa e sem volta.
 
Em Dezembro de 2012 perdi minha avó para um mundo que não temos acesso.
 
Meu desejo para o futuro é que talvez, algum dia, tanto o Alzheimer como qualquer outro tipo de demência possa ser diagnosticada e, quem sabe, revertida... e que, mesmo que nossos corpos padeçam em seus envelhecimentos, mesmo que nossas forças se esvaiam e o fim chegue com a idade, possamos viver até o último segundo com as lembranças felizes acumuladas durante toda uma vida, com a certeza do carinho e com o reconhecimento dos entes amados.
 

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Aniversário de 83 anos!



Hoje é aniversário da minha avó: 83 anos.
 
Infelizmente, após a progressão do seu Alzheimer, poucos são os nossos motivos para comemorar essa data. Ela está bem, dentro do possível: esse mês completarão 6 meses que ela se encontra na Casa de Repouso. Não postei aqui antes porque andei bastante desanimada nos últimos tempos, mas mês passado viajei para a cidade dos meus pais e fui visita-la na Casa de Repouso pela primeira vez. Ela estava bem - obviamente, completamente desnorteada, sem saber onde estava, muitas vezes achando que estava em casa e delirando com coisas que nunca aconteceram! Porém, ela se lembrou de mim e ficou muito feliz com a minha visita! Ficamos um bom tempo juntas durante 2 dias antes de eu voltar para a minha cidade. Foi incrível como o humor da minha avó melhorou após me ver, até a enfermeira da Casa de Repouso notou a diferença!
 
Sexta-feira dessa semana minha mãe, junto com outras pessoas da família e do pessoal da Casa de Repouso, farão uma festinha para comemorar o aniversário! Terá bolo, salgadinhos, balões, enfim, uma festinha para a minha avó, a família, os funcionários e as outras idosas! Se tudo correr bem semana que vem poderei viajar e passarei alguns dias na cidade deles, assim poderei visitar minha avó outra vez.
 
Finalizo esse post com uma mensagem especial para minha avozinha querida:
 
Vó, gostaria apenas que você soubesse que eu a amo, acima de qualquer coisa, e que sinto muito sua falta! Você foi uma avó maravilhosa! Se eu pudesse fazer algum pedido para esse seu aniversário, qualquer pedido, pediria apenas para que você conseguisse se sentir feliz outra vez, para que se lembrasse de que tudo está bem e que nós, sua família, estamos aqui e a amamos!

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O avanço do Alzheimer visto pelos olhos de um artista

Memória. 
Uma virtude divina. 
Memória que permite não esquecer sonhos, intenções, sensações, momentos… Todas as lembranças dependem dessas sete letras com um acento agudo. E o que você faria sem ela? William Utermohlen fez arte. Ele aproveitou o desenvolvimento de sua doença, após ser diagnosticado com Alzheimer em 1995, para exteriorizar nos seus quadros o que sentia, visto que era pintor.

Cliquem no link para saber mais sobre o artista e visualizar sua obra sobre a evolução da doença: 
http://literatortura.com/2013/08/o-avanco-do-alzheimer-visto-pelos-olhos-de-um-artista/

quinta-feira, 25 de julho de 2013

4 meses de Casa de Repouso

No final desse mês serão 4 meses desde que minha avó mudou-se para a Casa de Repouso.
 
Foram meses de muitos sentimentos difíceis para a minha mãe (e também para mim). Eu sempre soube que essa era a melhor escolha, mas é impossível não ficar triste quando lembro da minha avó anos atrás, com saúde. Minha mãe demorou um tempo maior para se acostumar. Na verdade ela ainda sofre pelo rumo que as coisas tomaram, mas conseguiu aceitar que essa foi a melhor solução!
 
Infelizmente no Brasil ainda existe um grande preconceito com Casas de Repouso para idosos e é provavelmente impossível passar por essa situação sem sentimentos de culpa e sem julgamentos alheios. Minha família vive numa cidade pequena e todos apoiaram nossa decisão (pelo menos na nossa frente!)... mas sabemos que, por trás, muitos devem criticar. Ninguém se atreveu a dizer nada para a minha mãe, pois todos sabiam o quanto ela se dedicou e sofreu para cuidar da minha avó... mas imagino que muito deve ter sido dito pelas costas. A questão maior disso tudo é que as pessoas não sabem como é cuidar sozinho de um doente de Alzheimer. Só quem está lá, vivendo a situação diariamente, é que sabe como é de verdade! Logo, na minha opinião, é quem está lá que tem o direito de decidir o momento em que chegou no limite. Todos temos nossos limites, todos, e é vital aceitarmos quando não aguentamos mais viver em determinada situação.
 
O saldo desses 4 meses foram muito positivos: minha avó está bem, apesar de ainda ter seus momentos de agressividade. Mas, no geral, está bem melhor do que em casa. Lá na Casa de Repouso ela fica mais calma e está sendo muito bem cuidada. Minha mãe a visita dia sim, dia não. Há dias em que minha avó está mais mal humorada, outros está mais tranquila, e assim segue a vida. Alguns dias ela pede para a minha mãe leva-la embora, em outros não diz nada. Na maior parte do tempo ela simplesmente diz coisas sem sentido, fala coisas que não aconteceram e pensa que minha mãe é sua irmã.
 
Na verdade, a parte financeira está sendo a mais difícil, já que meus pais precisam bancar sozinhos a mensalidade da Casa de Repouso, mas isso ainda é o menor dos problemas perto do que eles estavam passando quando minha avó estava em casa. Meus pais estão bem melhores agora, com a aparência melhor e mais descansados. Minha mãe conseguiu voltar a ver as alegrias da vida e até viajou para passar alguns dias aqui na minha casa. 
 
E assim a vida segue.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Doença de Alzheimer revertida pela primeira vez

Investigadores canadianos usaram técnica de estimulação cerebral profunda
 
A doença de Alzheimer foi revertida pela primeira vez no Canadá e com sucesso. Uma equipe de investigadores canadenses, da Universidade de Toronto, liderada por Andres Lozano, usou uma técnica de estimulação cerebral profunda, diretamente no cérebro de seis pacientes, conseguindo travar a doença. O estudo vem publicado na «Annals of Neurology».
Em dois destes pacientes, a deterioração da área do cérebro associada à memória não só parou de encolher como voltou a crescer. Nos outros quatro, o processo de deterioração parou por completo.
Nos portadores de Alzheimer, a região do hipocampo é uma das primeiras a encolher. O centro de memória funciona nessa área cerebral, convertendo as memórias de curto prazo em memórias de longo prazo. Sendo assim, a degradação do hipocampo revela alguns dos primeiros sintomas da doença, como a perda de memória e a desorientação.
Imagens cerebrais revelam que o lobo temporal, onde está o hipocampo e o cingulado posterior, usam menos glicose do que o normal, sugerindo que estão desligadas e ambas têm um papel importante na memória.
Para tentar reverter esse quadro degenerativo, Lozano e sua equipa recorreram à estimulação cerebral – enviar impulsos elétricos para o cérebro através de eléctrodos implantados.
O grupo instalou os dispositivos perto do fórnix – um aglomerado de neurónios que enviam sinais para o hipocampo – dos pacientes diagnosticados com Alzheimer há pelo menos um ano. Os investigadores aplicaram pequenos impulsos eléctricos 130 vezes por segundo.
Testes realizados um ano depois mostram que a redução da glicose foi revertida nas seis pessoas. Esta descoberta pode levar a novos caminhos para tratamentos de Alzheimer, uma vez que é a primeira vez que foi revertida.
Os cientistas admitem, no entanto, que a técnica ainda não é conclusiva e que necessita de mais investigação. A equipa vai agora iniciar um novo teste que envolvem 50 pessoas.
 

domingo, 12 de maio de 2013

Dia das mães

 
 
Minha mãe e minha avó: as duas mulheres que fizeram o papel materno durante toda minha vida, nunca negando um colo e um apego, sempre com uma palavra de apoio e um bom conselho. Avó que sempre esteve presente em todos os momentos da minha vida, nunca deixando de declarar o quanto me amava e que nunca se conformou por sua única neta morar numa cidade distante.

Vó, 2ª mãe que amo tanto, sei que você encontra-se nesse momento perdida num mundo particular onde, infelizmente, não temos permissão de entrar, mas quero dizer que te amo! E gostaria que isso continuasse vivo em sua memória e em seu coração!

Finalizo com a mensagem da Jodie Foster que ainda me emociona:

"E isso me leva à maior influência da minha vida, minha mãe maravilhosa, Evelyn. Mãe, sei que você está em algum lugar dentro desses olhos azuis e que há muitas coisas que você não vai entender esta noite. Mas esta é a mais importante que você tem que registrar: te amo, te amo, te amo. E espero que, eu falando três vezes, isso vai magicamente entrar na sua alma, encher você de graça e felicidade ao saber que você fez um ótimo trabalho na vida. Você é uma grande mãe. Por favor, leve isso com você quando você finalmente estiver pronta pra ir”.
(declaração de Jodie Foster para sua mãe de 84 anos que sofre de demência)
 
PS: minha avó completou 1 mês na casa de repouso. Minha mãe já está aceitando melhor a situação e minha avó continua como sempre: perdida em seu mundo particular. Sexta-feira a casa de repouso fez uma festa de dia das mães e hoje minha mãe irá passar a tarde com ela.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Últimas notícias sobre minha avó e a Casa de Repouso

Bom, como eu havia postado no blog anteriormente, viajei para a cidade dos meus pais na Quinta-feira passada à noite, para dar uma força para a minha mãe.

Até então, estava decidido que minha avó iria para a Casa de Repouso na Segunda-feira. O dia na Sexta foi muito difícil, minha avó deu muito trabalho e, para piorar, ela quase não está conseguindo andar mais, então a todo momento eu, meu pai e minha mãe precisavamos pegar ela no braço para mudar da cama para a cadeira de rodas, da cadeira de rodas para o sofá, etc. O resultado disso é que os 2 estão com problemas nas costas, emagreceram muito e estão aparentando uns 10 anos mais velhos! A aparência dos meus pais me assustou!

No Sábado recebemos uma notícia que nos fez desmoronar: a Casa de Repouso não possuía a vaga para morar, mas sim para passar o dia! Alegaram um mal entendido, mas desconfiamos que passaram alguma idosa na frente da minha avó (pois lá existe uma fila de espera). O resultado disso foi que meu pai ficou tão desesperado na hora que recebemos a notícia que pensei que ele fosse enfartar! Porém, acabamos confirmando a vaga para passar o dia, que ainda é melhor do que nada!

O Sábado também foi terrível, mas por causa dos remédios minha avó ficou mais dopada que o normal e deu menos trabalho. Combinamos com a enfermeira da Casa de Repouso e no Domingo mesmo eles foram buscar minha avó logo pela manhã. Foi bom pois assim pudemos descansar e aproveitar o dia para ver minha outra avó, que mora numa cidade próxima.

O esquema da Casa de Repouso de passar o dia é o seguinte: eles buscam ela com a ambulância todos os dias às 6h da manhã e levam de volta às 20h. Durante o dia eles fazem tudo: dão banho, medicamentos, 6 refeições e etc. E assim ficará até que surja outra vaga para morar definitivamente (disseram que minha avó é a próxima da fila).

Segunda-feira e ontem conversei com a minha mãe e ela contou que minha avó dormiu lá esses 2 dias, pois uma das idosas foi dormir com a família e deixaram que minha avó ficasse. Na Segunda minha avó reclamou muito, chorou (igual ela faz em casa, para deixar bem claro que não foi porque estava na Casa de Repouso!), mas ontem ficou bem mais tranquila e a enfermeira disse que ela dormiu bem da Segunda para a Terça.

Bom, tirando a questão financeira, que agora vai pesar bastante, meus pais estão muito aliviados e já estão sentindo a diferença em suas saúdes físicas e emocionais. As dores nas costas da minha mãe melhoraram e ela acha que nem será mais necessário tomar as injeções que o médico havia prescrito.

E é isso. 
Após muita luta, muitos dilemas e muitas crises, estou certa de que essa foi a melhor decisão que poderíamos ter tomado! Agora estou torcendo para que a vaga na Casa de Repouso para ficar 24h surja rápido, para que meus pais possam, finalmente, reconstruir suas vidas e recuperarem suas saúdes.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Útimas notícias e as difíceis decisões da vida

Bom, as últimas notícias por aqui são que a situação com a minha avó piorou a um ponto de se tornar ainda mais insustentável.
 
Resultado: após muita confusão, discussão e diálogo, minha mãe está convencida de que a Casa de Repouso é a única solução. A Casa de Repouso da cidade está com uma vaga e amanhã cedo minha mãe irá confirmar.
 
Provavelmente viajarei amanhã para lá, para dar um apoio para a minha mãe no momento em que o pessoal da Casa de Repouso for buscar minha avó. Minha mãe está péssima, quase não conseguimos conversar ao telefone hoje de tanto que ela chorava.
 
Enfim...
 
Depois contarei aqui o que aconteceu.

domingo, 17 de março de 2013

Notícias atuais

Demorei para voltar a postar, não por falta de notícias, mas mais por falta de ânimo mesmo.
 
Não vejo minha avó e minha mãe desde Janeiro, e a situação por lá está péssima, como sempre. O psiquiatra mudou os medicamentos dela: agora, no lugar da Quetiapina, ela está tomando um medicamento chamado "Zap" (olanzapina 5mg) e Donaren Retard (cloridrato de trazodona 150mg). Porém, esses medicamentos não estavam surtindo o mesmo efeito, então o médico prescreveu o Neuleptil (periciazina 40mg/ml) em gotas, e avisou que minha mãe só deveria dar esse medicamento em "último caso", pois ele deixa minha avó completamente dopada! O problema é que as coisas chegaram a um ponto onde minha mãe precisa dar o medicamento todos os dias! Quando ela não dá o Neuleptil, minha avó fica completamente maluca, agressiva, delirando e tendo vários surtos, não dorme, não fica quieta, etc, tanto no dia em que não toma o medicamento quanto no dia seguinte. E, quando ela toma, dorme bem, mas fica "dopada" boa parte do dia seguinte.
 
Minha mãe está enfrentando um dilema com essa situação, pois se sente culpada por dar o medicamento e deixar minha avó dopada.
Mas eu não vejo as coisas por esse ângulo. Infelizmente, com as coisas do jeito que estão, manter minha avó dopada está sendo a única maneira de suportar! Minha mãe arca com todas as responsabilidades e cuidados praticamente sozinha, então sou da opinião que ela precisa fazer as coisas "funcionarem" da maneira que torne sua vida um pouco menos pior. Até porque, manter minha avó "alerta" em seus surtos não traz benefícios a ninguém, muito menos a ela própria, já que ela sofre de verdade ao acreditar em seus delírios.
 
Outro detalhe que anda se tornando comum é que minha avó agora acredita, na maior parte dos dias, que minha mãe é sua irmã. Minha mãe acaba "entrando" em sua ilusão na tentativa de contornar melhor a situação, dizendo que a mãe "delas" faleceu e que as duas moram juntas desde então. Às vezes isso funciona para manter minha avó "conformada", outras não. 
 
E assim vamos tocando.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Sem muitas novidades

Não tenho muitas novidades para relatar aqui.
 
Como não estou mantendo contato diário com a minha mãe nas últimas semanas, tive notícias da minha avó apenas nos dias em que eu e minha mãe conversamos pelo telefone.
 
A situação está, aparentemente, na mesma.
 
Minha avó segue tomando 500mg de Fumarato de Quetiapina todas as noites, porém, continua insistindo várias vezes ao dia para "voltar para casa" e, em alguns momentos, tem suas crises de agressividade. Como já imaginávamos, o medicamento ajudou, mas não resolveu.
 
Há algum tempo minha vó começou a não reconhecer minha mãe em alguns momentos. Essa é a única novidade, que, por sinal, não é nada boa.
 
Minha mãe contou que, um belo dia, minha avó começou a dizer que não sabia quem ela (minha mãe) era, alegando que não tinha nenhuma filha. Acredito que essa será a próxima (e pior) fase de seu Alzheimer: começar a se esquecer da gente.
 
Impossível não ficar triste com isso tudo.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Casca de romã previne o mal de Alzheimer, mostram pesquisas da USP

Uma pesquisa realizada na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo, em Piracicaba, demonstrou que a casca da romã pode prevenir o surgimento do mal de Alzheimer.

 "Isso se deve ao fato de que a quantidade de antioxidante presente na romã é elevada", comenta a autora do trabalho, a pesquisadora Maressa Caldeira Morzelle, do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição. A pesquisa, uma dissertação de mestrado, foi feita sob a orientação da professora Jocelem Mastrodi Salgado, também da Esalq.

Morzelle identificou uma enzina com atuação específica na prevenção do mal de Alzheimer, doença degenerativa e atualmente incurável que afeta, na maioria dos casos, idosos com idade entre 60 e 70 anos. No Brasil, cerca de 900 mil pessoas já foram diagnosticadas com a doença.

Morzelle elaborou, em sua pesquisa, uma forma de processamento para que o produto seja industrializado em cápsulas. Ela buscou alternativas que pudessem concentrar todo o extrato da casca, em pó, para ser diluído ou adicionado a sucos de outros sabores, levando em consideração os desafios do processamento e armazenagem, e o fato de que a adição do composto bioativo não poderia afetar as propriedades sensoriais do produto final. Segundo ela, os testes já permitem dizer que o produto foi aprovado e estará disponível para uso industrial.

Poder antioxidante

Antioxidantes são essenciais para a prevenção dos radicais livres, substâncias que produzimos em nosso organismo e que contribuem para o envelhecimento e surgimento de doenças. De acordo com a pesquisa, apenas na casca da romã é possível encontrar mais antioxidantes do que no suco e na polpa da fruta.

Segundo Morzelle, a casca da romã, quando industrializada, não teve sua atividade anticolinesterásica (inibidora de enzimas associadas ao Alzheimer) e sua capacidade antioxidante afetadas. "Desta forma, verifica-se o potencial para a indústria no emprego das microcápsulas à base do extrato da casca de romã como um ingrediente a ser incorporado na dieta, sendo um aliado na prevenção do mal de Alzheimer", conclui a pesquisadora.

O poder das frutas

Zilmar de Barros, outro pesquisador da casca da romã, constatou seu benefício na proteção a doenças degenerativas em 2011, quando defendeu sua dissertação de mestrado também na Esalq.

Para ele, não só a romã como outras frutas, especialmente as brasileiras, não recebem a devida atenção quando o assunto é saúde. "Desde a pré-história, as frutas desempenham papel importante na alimentação do homem, mas só agora começamos a prestar mais atenção aos fatores medicinais de seu consumo", comentou em sua dissertação.

Segundo o pesquisador, a romã tem efeito anti-inflamatório e possui elevada quantidade de antioxidante, especialmente na casca. "Elas são subaproveitadas, embora sejam uma excelente fonte de antioxidantes", comentou.

A pesquisa conduzida por ele demonstrou, ainda, que a casca de romã processada pode ser utilizada para fornecer a sucos industriais já comercializados no mercado sua característica antioxidante sem que alterações no sabor sejam registradas. O preparado desenvolvido por Barros, feito à base de um grama de casca de romã desidratada, quando adicionado aos sucos, aumenta em praticamente 30 vezes a capacidade antioxidante do suco ao qual é acrescentado.

Após essa adição, a taxa de antioxidantes manteve-se estável. "Isso é importante, já que, se for utilizado comercialmente, a estocagem não deve tirar as características do produto", informou. Segundo a Esalq, o composto foi aprovado para uso industrial e sua comercialização por empresas do setor está em fase de negociações.

Benefícios

Originária do sudeste asiático, a romã ganhou fama, no Brasil, graças às simpatias de fim de ano. Segundo o dermatologista Claudemir Peixoto, porém, os benefícios da fruta são desconhecidos da maioria das pessoas.
Segundo ele, os antioxidantes atuam no combate aos radicais livres que causam envelhecimento precoce, flacidez da pele, celulite, perda da elasticidade, rugas etc. "Por ter muito antioxidante, a romã também inibe a proliferação de melanócitos, prevenindo manchas na pele causadas pelo sol", comenta.

O chá da casca também é popularmente utilizado contra infecções de garganta, já que as cascas e sementes da fruta possuem propriedades anti-inflamatórias capazes de aderir à mucosa, protegendo-a e aliviando as dores. "Consumir romã, certamente, é um excelente ganho para a saúde", comenta o clínico geral Joaquim Ribeiro.
 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Relato sobre a última semana (7 a 14 de Fevereiro)

Conversei algumas vezes com a minha mãe pelo telefone nesse feriado e pude ter uma ideia de como está a situação com a minha avó.
 
O aumento para 400mg do Fumarato de Quetiapina ajudou, mas, pelo visto, ainda não foi o suficiente. Durante todos esses dias minha avó se manteve mais tranquila durante o dia e dormiu bem várias noites, porém, ainda teve algumas crises de agressividade. Sinceramente, não acho que isso vá mudar. O psiquiatra orientou minha mãe a agir da seguinte forma nos dias em que minha avó estiver muito agressiva: dar 100mg do Fumarato de Quetiapina durante a tarde e mais 400mg antes de dormir, totalizando 500mg num dia. Minha mãe fez isso alguns dias, mas não sei dizer se fez muita diferença.
 
A M. viajou essa semana e minha mãe está dormindo novamente todas as noites com a minha avó, mas os outros dias em que a M. dormiu foram muito bons para a minha mãe. É emocionalmente impossível cuidar de um idoso com Alzheimer sem ajuda e me sinto angustiada quando penso em todas essas famílias pelo mundo qu não têm condições financeiras de bancar um cuidador ao menos alguns dias por semana! Com alguém para ajudar já é MUITO difícil, sem ninguém eu diria que é inviável.
 
Minha mãe encontra-se desde então numa situação em que não pode mais se ausentar por 1 dia sequer da cidade em que mora pois minha avó fica extremamente agitada quando minha mãe se ausenta por algumas horas, quem dirá por um dia ou vários! A única distração da minha mãe era vir de vez em quando para BH me visitar e passar uns dias na minha casa, porém, agora, isso acabou.
 
Como é difícil ver as pessoas que amo terminarem suas vidas dessa forma! Meu avô teve um fim terrível, sofreu durante anos com sua insuficiência renal crônica e definhou até a morte com a hemodiálise... a família toda sofreu muito por todos esses anos, especialmente minha avó e minha mãe! E agora, 7 meses após a morte do meu avô, o Alzheimer da minha avó avança dessa forma e toda a família acaba mergulhando nesse sofrimento...! Como se as mazelas normais da terceira idade já não fossem o suficiente!
 
Ah, que me perdoe quem disse que a terceira idade é a "melhor idade", mas afirmo com todas as letras que essa frase é uma grande mentira! Atá agora, na minha família, a terceira idade está sendo a pior e mais tortuosa fase da vida, afetando a todos.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Notícia curiosa sobre primeira "reversão" do Alzheimer!

Encontrei essa notícia pesquisando pelo Google e achei interessante e curiosa! É do início de Dezembro de 2011, ou seja, bem antiga, o que me fez desconfiar que talvez esse "tratamento" não tenha dado realmente certo a longo prazo!

De qualquer forma, achei válido postá-la aqui:
 
Alzheimer revertida pela primeira vez
 
 
Pela primeira vez, foi revertida a doença de Alzheimer em pacientes com a doença, há mais de um ano. Os cientistas usaram a técnica de estimulação cerebral profunda, que usa elétrodos para aplicar pulsos de eletricidade diretamente no cérebro. Investigadores canadianos, da Universidade de Toronto, liderados por Andres Lozano, aplicaram estimulação cerebral profunda em seis pacientes. Em dois destes pacientes, a deterioração da área do cérebro associada à memória não só parou de encolher como voltou a crescer. Nos outros quatro, foi parado o processo de deterioração. Nos portadores de Alzheimer, a região do cérebro conhecida como hipocampo é uma das primeiras a encolher. O centro de memória funciona no hipocampo, convertendo as memórias de curto prazo em memórias de longo prazo. Desta feita, a degradação do hipocampo revela alguns dos primeiros sintomas da doença, como a perda de memória e a desorientação. Durante a investigação, a equipa de cientistas canadianos instalou os dispositivos no cérebro de seis pessoas que tinham sido diagnosticadas com Alzheimer, há, pelo menos, um ano. Assim, colocaram elétrodos perto do fórnix, conjunto de neurónios que carregam sinais para o hipocampo, aplicando, depois, pequenos impulsos elétricos, 130 vezes por segundo. Após 12 meses de estimulação, um dos pacientes teve um aumento do hipótalamo de 5 por cento e, outro, 8 por cento. Esta descoberta pode levar a novos caminhos para tratamentos de Alzheimer, uma vez que é a primeira vez que foi revertida a doença. Os cientistas têm, contudo, ainda de conhecer mais sobre o modo como a estimulação funciona no cérebro.

Alzheimer ainda não tem cura, mas pesquisas avançam em várias frentes

Link original da pesquisa: DW notícias
 
Diagnóstico precoce, identificação de fatores de risco e novos medicamentos que reduzam a perda cognitiva e os sintomas dos pacientes afetados estão entre as prioridades de médicos e cientistas.
 
Quase um quarto das pessoas com mais de 85 anos sofre de perdas de memória relacionadas ao mal de Alzheimer, conforme mostram dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). A estimativa apontada pelo relatório a Doença de Alzheimer no Mundo, publicado pela Alzheimer's Disease International (ADI), indica que em 2010 cerca de 35,6 milhões de pessoas viviam com algum grau de demência. A previsão é de que o número duplique em 20 anos e chegue a 115,4 milhões em 2050.
 
Dois terços dos casos de demência são relacionados a esse mal.
O Futurando desta semana mostrou uma pesquisa de ponta que pretende ajudar pacientes com o mal. Os médicos apresentados na reportagem trabalham na busca de um diagnóstico precoce, antes que a doença provoque lesões visíveis no tecido nervoso. Os pesquisadores querem reconhecer a presença da doença antes que seus sintomas – marcadamente a perda progressiva da memória, compreensão e linguagem do paciente – se agravem, interferindo na capacidade cognitiva e de convívio social. O conjunto de sintomas que caracteriza o mal de Alzheimer – ou Doença de Alzheimer (DA), como é tratada na literatura médica – foi enumerado pela primeira vez em 1906 por um médico alemão. Alois Alzheimer descreveu os sintomas de sua paciente Auguste Deter e criou um referencial para futuros diagnósticos. Mas, apesar de ser amplamente estudada, a doença ainda não tem cura.
 
Atualmente, o FDA norte-americano, que regulamenta a distribuição de medicamentos naquele país, tem cinco drogas aprovadas para o tratamento dos sintomas em diferentes estágios da doença. Mas os pesquisadores estão em busca de outras armas. Dois estudos simultâneos, apresentados recentemente em uma conferência sobre neurologia em Boston, nos Estados Unidos, trouxeram algum alento a quem já desenvolveu a DA. Eles confirmam resultados positivos em 34% de pacientes nos testes de uma nova droga: a solanezumab tenta limpar os depósitos de placas que interferem no funcionamento do cérebro dos pacientes. Cientistas querem identificar a doença antes que ela provoque danos no cérebro.
 
Diagnóstico
 
No final do ano passado, cientistas da Universidade americana de Columbia identificaram alterações na densidade da massa cinzenta de indivíduos entre 18 e 26 anos pertencentes a um grupo populacional específico que teria uma predisposição para desenvolver uma forma rara da DA, ligada a fatores genéticos. Nos pacientes com a mutação, os cientistas também encontraram no líquor altos níveis de uma proteína chamada Beta-amilóide, que aparece na formação das placas senis encontradas no cérebro dos doentes. “As descobertas sugerem que as mudanças neurodegenerativas ocorrem mais de 20 anos antes dos primeiro sintomas e antes ainda do que sugeriam pesquisas anteriores”, comentou Nick Fox, do Centro de Pesquisa sobre a Demência da Universidade College de Londres. Um grupo de 80 cientistas liderados pela mesma universidade apresentou outro avanço. Eles encontraram uma ocorrência maior de um gene em particular – o R47H – em quantidades significativamente elevadas em um grupo de pacientes com Alzheimer em relação a um grupo de controle.
 
A coordenadora da pesquisa, Rita Guerreiro, explica que se trata de uma variante muito rara, presente em apenas 0,2% da população e que, embora não seja a causadora da doença, é um fator de risco. "Esta é uma das descobertas mais influentes dos últimos 20 anos porque é um gene novo que tem uma variante com um risco médio ou forte. Isto vai permitir estudar novos genes, novas proteínas, novas moléculas que vão interagir com este gene", resumiu Rita Guerreiro. Já outra equipe de pesquisadores, do centro de CODE Genetics, na Islândia, estudou o genoma completo de 1.795 pessoas do país e identificou uma mutação de um gene, o APP, que seria responsável pela redução em até 40% da formação da proteína amilóide em idosos saudáveis. O estudo mostrou que a função cognitiva estava mais preservada nos idosos entre 80 e 100 anos que possuem o tal gene do que em outros que não possuem. O coordenador da equipe, Kari Stefansson, disse tratar-se “do primeiro exemplo de uma alteração genética que confere proteção forte contra a doença de Alzheimer”.
 
Na avaliação dos especialistas, essa mutação genética tem o poder de bloquear a deterioração cognitiva dos idosos e pode ser um novo ponto de partida para o desenvolvimento de fármacos mais eficazes contra a doença.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Brasileiros desvendam elo entre Alzheimer e depressão

Quero deixar aqui uma observação de que eu sou totalmente contra testes em animais e tenho embasamento para dizer que muitos desses testes não funcionam da mesma forma em humanos. Porém, achei interessante a conclusão desses pesquisadores porque, no caso da minha avó, tenho certeza de que a depressão influenciou e MUITO no desenvolvimento do seu Alzheimer!
 
Minha avó sempre foi muito depressiva e pessimistra, como já citei anteriormente, sempre foi aquele tipo de pessoa que só vê o lado negativo da vida. Então não me admira em nada que isso tenha influenciado drasticamente no avanço do Alzheimer. A neurologista disse exatamente isso essa semana para a minha mãe: que ela precisa se cuidar, descansar, se distrair e evitar o máximo que puder entrar em depressão por causa da situação com a minha avó, pois, como ela já possui uma predisposição genética para o Alzheimer, a depressão pode ser o gatilho final para o início da doença!
 
Então, fica a dica para todos! Eu sei que, numa situação onde precisamos lidar diariamente com um doente, parece quase impossível não se deprimir! Eu mesma acho que não daria conta de conviver com a minha avó e não me afundar numa depressão profunda! Mas isso pode ser, realmente, o fundo do poço para alguém com predisposição para o Alzheimer!

Se você encontra-se numa situação parecida, procure ajuda! Não se deixe vencer pela depressão!
 
Abaixo o link completo para a notícia:

http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2013/01/07/brasileiros-desvendam-elo-entre-alzheimer-e-depressao.htm

Relato sobre os dias 6 e 7 de Fevereiro de 2013

Como eu havia citado anteriormente aqui no blog, no dia 5 a M. começou a dormir na casa da minha avó para minha mãe descansar.
 
Até então eu não tinha notícias de como havia sido essa noite, mas hoje, conversando pelo telefone com minha mãe, fiquei sabendo de tudo o que ocorreu.
 
Minha mãe contou que deixou a M. com a minha avó e voltou para casa na noite do dia 5, dormiu e acordou às 6h da manhã para trabalhar. Alguns minutos depois de ter acordado, o telefone toca. Quando ela olhou o identificador de chamadas, era da casa da minha avó! Na mesma hora ela estremeceu! Atendeu e era a M., pedindo para minha mãe passar na casa da minha avó antes de ir trabalhar. Segundo ela, minha avó havia passado quase a noite toda em claro pedindo para "ir para casa" e desde às 4h da manhã estava acordada dando escândalo e, naquele exato momento, 6h da manhã (com o dia ainda escuro!), estava sentada na varanda esperando para alguém abrir o portão e ela poder sair!!!!
 
Bom, minha mãe, obviamente, ficou super nervosa e foi até a casa da minha avó. Chegando lá, deu uma "bronca" nela e a fez voltar para a cama. Nota: geralmente minha avó só obedece quando minha mãe dá bronca nela! É meio como se ela fosse uma criança! Quando ela está em crise, não dá ouvidos a NINGUÉM! Complicado!
 
Depois disso minha mãe deixou minha avó com a M. outra vez e foi trabalhar (ela é professora). Disse que ficou tão nervosa que meu pai precisou levá-la de carro! Coitada...
 
Enfim... ela disse que escreveu uma carta para o psiquiatra e no dia 6 mesmo (Quarta-feira) deixou a carta no consultório e esperou que ele retornasse. O psiquiatra telefonou e os 2 conversaram via telefone. Minha mãe explicou direitinho tudo o que estava acontecendo e ele mandou DOBRAR outra vez a dose do Fumarato de Quetiapina (de 200mg para 400mg!). Ao contrário do que a neurologista alegou, ele disse que isso não causaria nenhum problema para a minha avó e que sim, às vezes é necessário aumentar MUITO a dose desse medicamento para que o idoso com Alzheimer se acalme!
 
Só sei que, depois disso, minha mãe relatou que aumentou a dose no mesmo dia e que de ontem pra hoje minha avó dormiu bem (nem viu que era a M. que estava na casa dela!) e que hoje ficou calma o dia inteiro, mais bem humorada e que quase não pediu para voltar para casa!!! Disse que hoje, às 21h, quando a M. chegou e minha mãe pôde ir para casa, minha avó já estava dormindo e não dava sinais de que acordaria outra vez!
 
Bom, eu espero de coração que a dose maior desse medicamento surta efeito e que minha avó continue calma durante o dia e dormindo durante a noite! Depois da noite "tensa" do dia 5, minha mãe ficou até com medo que a M. desistisse de dormir com a minha avó, mas não, ela não desistiu. Menos mal!
 
Um detalhe sobre a minha avó: quando ela está calma e bem humorada, mesmo não "reconhecendo" sua própria casa, ela se mantém "conformada" com a ideia de estar numa "casa estranha"! Hoje, por exemplo, antes de colocá-la na cama, minha mãe relatou que ela pediu para ir para sua casa, porém, minha mãe alegou que estava muito tarde para saírem na rua e minha avó aceitou, dizendo que dormiria ali mesmo e que na manhã seguinte "voltaria" para sua casa! Isso não acontece quando ela está nas suas crises depressivas e de mau humor! Quando ela fica agitada e nervosa, nada a convence e ela não sossega até que alguém dê uma volta com ela na rua e "simule" levá-la de volta para sua casa! Esses momentos de tranquilidade parecem ser resultado do aumento da dose do Fumarato de Quetiapina! Veremos se realmente continuará resolvendo o problema nos próximos dias...

Nota importante: NUNCA aumente ou mude a dose de um medicamento sem antes conversar com o médico! Os medicamentos e doses que eu cito aqui no blog são ajustados para o caso da minha avó e podem não funcionar ou serem prejudiciais para outra pessoa!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Sobre a desorientação do doente de Alzheimer

A desorientação espacial é uma característica comum nos doentes de Alzheimer, especialmente nos que estão num estágio mais moderado da doença (caso da minha avó).
 
Nesse link há uma explicação científica bacana sobre essa desorientação:
 
Pela experiência com a minha avó e pelo que vejo de relatos de outras pessoas que possuem parentes com a doença, o "ápice" dessa desorientação chega quando o doente não reconhece mais sua própria casa! E é sobre isso que eu quero falar.
 
Como é curiosa essa característica dos doentes de Alzheimer! É difícil compreender como uma pessoa pode sair da sua própria casa, dar a volta na rua e, minutos depois, voltar para o MESMO lugar e aí, sim, concluir que chegou na sua casa?!?!

Quando levamos minha avó para a rua, ela reconhece a entrada da casa e esse reconhecimento persiste por um tempo (às vezes durante 1h) dentro da casa, mas, logo depois, ela volta a achar que está numa casa estranha. O detalhe é que ela mora na mesma casa há 60 anos, desde que se casou com o meu avô! Nunca morou em nenhum outro lugar, o que deveria ser suficiente para manter um pouco sua orientação, mas não manteve. Muitas vezes ela sequer se recorda que casou com meu avô!
 
Desde que isso tudo começou, notamos os seguintes delírios:
 
- minha avó às vezes fala dos seus pais como se estivessem vivos e diz que quer voltar para a casa deles (que nem existe mais) ou que quer morar com suas irmãs (sendo que as 2 únicas irmãs vivas atualmente são mais velhas que ela e moram com as filhas);
- ela criou a ilusão de que sua casa é, na verdade, a casa da minha mãe! E, mesmo quando reconhece seus objetos pessoais, ela alega que aquela casa "parece" com a sua casa, mas não é a sua casa!
- algumas vezes ela insiste que sua casa é a casa do vizinho que, por acaso, é irmão do meu avô. Ela nunca morou na casa dele (que é bem diferente da dela), mas começou com essa insistência diária de que é lá que ela mora! Muitas vezes precisamos levá-la na rua, deixar que veja a entrada da casa dele e que se convença por si própria que aquela não é a sua casa. Até hoje ela não insistiu em entrar na casa dele, espero que isso nunca aconteça!
 
 O interessante é que, na maior parte do tempo, minha avó reconhece suas coisas (móveis, objetos pessoais, roupas, etc), mas não reconhece o espaço, os cômodos, etc. Quando está de bom humor, ela alega que aqueles objetos parecem com os dela, outra vezes diz que são as coisas dela e que "alguém" deve ter levado tudo para "aquela casa"! Quando está de mau humor (o que é bem mais comum!), ela se torna agressiva, alegando que meus pais roubaram todas as suas coisas e colocaram naquela casa! Minha mãe sempre tenta explicar que, obviamente, se TODAS as coisas dela estão lá, é porque aquela é a sua casa, já que ela (minha mãe) jamais se daria ao trabalho de levar as coisas da minha avó para outro local, mas essa explicação nunca a convence.
 
Não sei se com o tempo ela também parará de reconhecer seus objetos pessoais e se também não reconhecerá mais sua casa ao sair e retornar. A evolução dessa doença não segue exatamente um padrão e geralmente traz surpresas bem desagradáveis!
 
Sinceramente, minha avó está com 82 anos e torço para que ela não viva o suficiente para chegar nos estágios finais do Alzheimer, que são ainda mais terríveis! Vê-la dessa forma já é ruim o suficiente e espero que ela não viva para sofrer durante anos definhando numa cama!

Relato sobre o dia 5 de Fevereiro de 2013

Conversando com minha mãe pelo telefone ontem à noite, ela me relatou como foram os acontecimentos do dia 5.
 
Minha mãe voltou a trabalhar nessa Terça-feira e, pela primeira vez, a M. ficou com a minha avó das 7h até às 12h30min. Tudo correu relativamente bem.
Mas durante a tarde meus pais tiveram que "levar" minha avó de "volta" para casa duas vezes (ou seja, sair com ela para dar uma volta na rua e retornar), pois, como sempre, ela estava muito agitada querendo "ir embora". Sempre que isso acontece é a mesma novela: alguém sai com ela pela rua (às vezes à pé, às vezes de carro) e a outra pessoa tranca toda a casa para que ela veja que estava tudo fechado e acredite por um tempo que aquela é, sim, sua casa!
 
Ela também disse que à tarde uma irmã da minha avó e a filha foram visitá-la, o que foi bom pois a distraiu por um tempo. À noite minha mãe precisou convencê-la outra vez de que aquela era sua casa e de que ela poderia deitar e dormir tranquila, pois não ficaria sozinha. Essa situação está se repetindo constantemente: minha avó se negar a deitar e dormir, com medo de que a gente vá embora quando ela pegar no sono e a deixe sozinha! Às 21h a M. chegou para dormir com a minha avó (meus pais decidiram fazer um esforço e pagá-la para dormir com a minha avó 4 noites por semana), só que minha avó ainda estava acordada (na cama, mas acordada) e minha mãe disse que foi para nossa casa sem avisá-la que a M. ficaria no seu lugar, e disse para a M. que se minha avó acordasse outra vez, que ela deveria dizer que minha mãe precisou sair para dar aula. O problema é que minha avó fica muito agitada quando a M. fica com ela e começa a insistir ainda mais que não está na sua casa! É um saco! Então, minha mãe optou por não contar com antecedência que a M. ficará em sua companhia (já fizemos isso e não deu muito certo).
 
Enfim, não sei como foi a noite com a M., depois que minha mãe me contar deixarei registrado aqui no blog.