segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

2 de Fevereiro de 2013

Sábado.
Minha avó acordou de bom humor e permaneceu dessa forma praticamente o dia todo. Em alguns momentos logo após o almoço começou a dizer que não sabia de quem era aquela casa onde se encontrava (sua casa!), mas parecia "conformada" em estar ali. Tentamos distraí-la para que a tarde transcorresse bem.
 
Ela recebeu a visita de uma amiga e de uma prima da minha mãe e seu marido. Não ficou agressiva e não começou com seus acessos de desespero em "voltar para casa", pelo contrário, permaneceu sentada na sala tranquilamente.
 
Durante a tarde minha mãe combinou com a M. de passar a noite com a minha avó, para que pudéssemos sair para comer fora e espairecer um pouco. Pedimos para que a M. chegasse às 21h30min, para que, dessa forma, tentássemos fazer minha avó dormir antes, pois SEMPRE que vê a M. ela não dorme e dá trabalho a noite toda!
 
À noite, sozinha comigo e com a minha mãe, ela começou a dizer que precisava saber como estava sua casa. Porém, alegou ter medo de ficar sozinha por "lá", e minha mãe aproveitou isso para dizer que, então, seria melhor se ela ficasse ali com a gente. Ela pareceu aceitar.
 
Jantou, comeu sobremesa e quis ir ao banheiro. Levamos. Logo em seguida já a conduzimos para o quarto, trocamos sua fralda e sua roupa e a colocamos para dormir. Ela insistiu que, se fôssemos embora, ela também iria, e precisamos repetir várias e várias vezes que não iríamos embora e que ela não ficaria sozinha.
 
Por fim, ela pareceu se conformar e ficou na cama. Eu e minha mãe ligamos a TV da sala baixinho e ficamos assistindo.
 
Tudo parecia ir bem quando, de repente, às 20h30min, espiei minha avó pela porta do quarto e vi que ela estava tentando levantar da cama. Fomos até lá saber o que estava acontecendo e notamos que ela já estava diferente, com aquele semblante estranho que ela fica quando se torna agressiva. É como se fosse uma segunda personalidade ou então um acesso de sonambulismo. Ela estava brava, dizendo que iria levantar e ir para sua casa sozinha. Minha mãe custou a convencê-la de que passaríamos a noite ali e que, se ela quisesse, no dia seguinte a "levaríamos" embora. Mas ela não aceitava de jeito nenhum!
 
Nota: o psiquiatra disse que é errado entrar no "devaneio" do idoso com Alzheimer de que aquela não é a sua casa e também é errado insistir que é, sim, a sua casa! Segundo ele, o correto é ignorar e mudar de assunto! Porém, isso infelizmente não funciona com a minha avó! Ela insiste no assunto o tempo INTEIRO e é impossível mudar de assunto! E, quando se torna agressiva, ela levanta e fica impossível controlá-la. Gostaria que o psiquiatra passasse 2 dias ao lado dela para compreender a situação real!!!
 
Ela ainda tentou levantar da cama 3 vezes seguidas.
Na terceira fui até o quarto e tentei convencê-la a ficar na cama. Nesse momento ela já estava extremamente agressiva. Não me bateu, mas gritou, me xingou e me mandou ir embora. Disse que não dormiria ali, que iria levantar, e várias outras coisas. Empurrou minha mão e continuou tentando descer da cama. Nesse momento a M. chegou e minha mãe entrou no quarto e ficou brava, o que fez com que minha avó começasse um acesso de choro. A M. disse que poderíamos ir embora, que ela daria um jeito na situação, e fomos. Nosso plano de fazê-la dormir antes que a M. chegasse foi assim por água a baixo.
 
Chegamos na nossa casa às 21h50min, mais ou menos. Eu e minha mãe estávamos super abaladas com o ocorrido e com medo que a situação ficasse muito insustentável e a M. telefonasse para o celular da minha mãe. Mesmo assim nos arrumamos correndo e saímos (eu, minha mãe e meu pai). Fomos num barzinho comer alguma coisa e espairecer. Mas o clima estava pesado e demoramos até sermos capazes de relaxar. Minhas pernas e braços tremiam de estresse.

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